26 de abr. de 2009

Clássico!!!


Está chegando a hora!!! Atlético e Cruzeiro vão fazer, logo mais, a primeira partida da final do campeonato mineiro! Eu já estou com frio na barriga... parece até que vou entrar em campo...
Durante a semana, observei pela cidade bandeiras estendidas e torcedores vestidos com as camisas dos times nas ruas. Escutei provocações mil... de ambos os lados. Atleticanos e cruzeirenses me pareceram bem confiantes, o que indica que será um bom jogo!
Pra quem acompanha o futebol por aqui, é impossível não sentir o clima do clássico... É difícil descrever, mas tudo fica diferente... Sinto os torcedores mais alegres, a cidade mais viva. Os comerciantes, satisfeitos, comemoram os lucros com o aumento nas vendas de artigos de futebol.

Em compensação, o tempo demora a passar. A ansiedade de ver o mineirão lotado por duas belíssimas torcidas é tanta, que fica difícil esperar.
Hoje eu até acordei diferente. Mais cedo do que o habitual. O tal do clássico mexe com a gente, não é? Por mais que eu vá estar trabalhando durante a partida, é impossível não me emocionar. O mineirão em dia de clássico é uma experiência de tirar o fôlego, um espetáculo de deixar todos de queixo caído.
Adoro ver as arquibancadas repartidas ao meio. Azul de um lado, do outro, preto e branco. Acho sensacional os gritos, em coro, que vêm das torcidas. Em campo, o rítimo do jogo é outro...

Preciso ir pra não me atrasar..
A gente se vê lá?!

23 de abr. de 2009

FAÇO GOL E DEDICO PRA ELA


Ontem, no mineirão, na partida entre Cruzeiro e Deportivo Quito, Wagner marcou o segundo gol e comemorou intensamente! Correu, ameaçou tirar a camisa, pulou, abraçou os companheiros e, é claro, em direção da tribuna de honra (de onde as esposas dos jogadores costumam assistir aos jogos) formou um coração com as mãos.

A cena me fez lembrar do dia dos namorados do ano passado, quando o Atlético venceu o Ipatinga por 4 a 2. O estádio estava vazio, cerca de 5 mil pessoas. Mas os poucos casais que, inusitadamente, escolhereram o mineirão como local para estarem nessa data especial, protagonizaram uma romântica partida de futebol!
O zagueiro Leandro Almeida, fez uma declaração de amor de arrancar suspiros nas arquibancadas... Após fazer o gol, desenhou um enorme coração no ar e, em seguida, levou a mao ao peito, apontando para a amada!

O que muita gente deve se perguntar é: "-E os goleiros???!".
Os jogadores de linha têm os gols para dedicarem às companheiras. E os goleiros? Têm o quê?
As boas defesas, é claro! Evitar que a rede seja balançada tem lá seu valor...e como!
Uma vez entrevistei a Janaína, esposa do Juninho, goleiro do Atlético. Ela me disse que, quando ele jogava no Vitória, costumava, a cada bom lance no jogo, dar uma olhada pra trás e mandar beijinhos pra ela... Uma graça, não?

Mas desse tipo de homenagem, não precisa ser esposa de jogador pra gostar. Toda mulher adora uma prova de amor, não é?.. E os homens não precisam ser craques para surpreendê-las. Basta, na pelada com os amigos, fazer uma bela jogada e dedicá-la para quem observa a partida, do lado de fora do campo...

"Navegando" pelo orkut de um amigo meu (boleiro), encontrei a comunidade: "FAÇO GOL E DEDICO PRA ELA". Acredito que ser membro dela já é uma prova de amor...

22 de abr. de 2009


A CAMINHO DA TOCA
NÃO IMPORTA O DIA, A HORA
A PARADA É OBRIGATÓRIA
NA AVENIDA PORTUGAL
O ABACAXI É 1 REAL!

Quando estamos indo trabalhar na Toca da raposa, ou voltando de lá, sempre que possível, fazemos um pit stop no caminhão da Av. Portugal. Frutas, água de coco e caldo de cana são vendidos durante todo o dia. Mas o campeão é o pedaço de abacaxi gelado! Eles vendem tanto, que deixam 2 funcionários por conta de cortar e embalar as frutas, sem parar!
O sabor de um pedaço de abacaxi nunca é igual ao outro. Acho que eles variam de acordo com a qualidade da fruta e também com o humor de quem o está ingerindo.
Gosto de observar os trabalhadores que, como eu e a minha equipe, vão ali para uma breve pausa no expediente.
Muitas vezes, a conversa deles toma o rumo do futebol... principalmente se for segunda feira, após uma rodada de jogos.
Enquanto alguns lamentam a derrota do time e reclamam do abacaxi azedo, outros até lambem os dedos pra não perder nem uma gota açucarada da fruta e, sorridentes, adoçam ainda mais o dia após uma vitória!

21 de abr. de 2009

Mineirão calado


Ontem de noite, fui ao mineirão cobrir o treino dos equatorianos do Deportivo Quito. Eles se preparavam para a partida de quarta-feira, contra o Cruzeiro, pela Copa Libertadores.
O estádio estava tão vazio e silencioso, que resolvi falar sobre o mineirão calado...

Visitar o mineirão em um dia comum, sem todo a agitação de uma partida de futebol, é uma experiência nóstálgica. Cercada pelo silêncio de todo o vazio das inúmeras cadeiras e cabines desocupadas, senti o 'tamanho' da palavra imensidão.
Mais melancólico ainda é reparar nos detalhes. Olhando para cima, um céu redondo e negro, cercado pela luz dos olofotes do estádio, que, ao se aquecerem, estalam emitindo sons pelo ar. Os telões, que geralmente transmitem um fluxo ininterrúpito de informações com imagens coloridas, estavam desligados. Por entre as compridas filas de cadeiras vermelhas, notei um pontinho branco em movimento. Com o tempo, ele foi se aproximando até chegar bem perto e se revelar um cachorro vira-lata procurando restos de comida. Outros bichos também passeavam por lá. Bruxas imensas voavam, subindo e descendo, em movimentos circulares, na direção das lâmpadas do lugar. Sobre o gramado, pássaros 'Quero-quero' caminhavam de lá pra cá, protegendo seus pequeninos ovos.

Algum tempo depois, o treino dos equatorianos começou. A estridente pronúncia de palavras como "Ariba!" e "Buena", somadas ao som do tapa do couro das chuteiras na superfície das bolas, durante os chutes, deram fim ao silêncio. Mas não à melancolia.

Voltei a pensar no mineirão calado. Ali, sou o nada diante do tudo. Mas, posso também ser gigante. Basta falar alguma coisa bem alto. O grito se propaga pelo ar, percorrendo todos os espaços vazios e ecoando em cada canto do estádio. Preencher, com a minha voz, um espaço "sem tamanho", é engrandecedor!

19 de abr. de 2009



Hoje, no supermercado, um diálogo de uma família chamou a minha atenção.
A mãe pediu para que o filho mais velho pegasse um litro de leite. O garoto foi até a prateleira e voltou, sorridente, com o leite do Cruzeiro nas mãos.
Imediatamente o irmão caçula reclamou: - "Há, não, manhê!! Vai ter que levar o do Galo também!".
O mais velho retrucou: -"Nunca! Esse leite do Galo dá indigestão! Eu não tomo! E nem o papai vai tomar...".
O pequeno, que até então estava assentado dentro do carrinho de compras, se levantou e desceu para o chão, bravo. Apontou o dedo para o alto em direção ao rosto do maior e disse bem alto: "Você não sabe nada, o leite do Galo faz é bem pra saúde!".
Quando a mãe percebeu que a discussão ia longe, resolveu por um fim naquilo (antes que começasse a briga). -"Tá bom, eu vou levar um de cada. Mas com uma condição: vamos tomar um de cada vez, pra não desperdiçar".
Alguns segundos depois, começou tudo de novo...
- "O do Galo primeiro, né, mãe?!".
- "Não, o do Cruzeiro antes!"
...

17 de abr. de 2009

Buiú


Este é o Buiú. Rodrigo Antônio dos Santos Freitas, 24 anos, cruzeirense. Morador de rua desde os 8 anos de idade, quando saiu de casa para ser livre. “A educação que tenho foi a rua quem me deu", ele diz. Mas a rua também tomou uma parte dele. Após ser atropelado por um ônibus, Buiú perdeu o braço direito. Mas nem por isso se endireitou. Nunca voltou pra casa. E é na rua Adolfo Lippi Fonseca, em frente à porta do centro de treinamento do Cruzeiro, que o encontramos, sempre que vamos trabalhar lá.

Tudo começou em 91. O garoto gozava da liberdade recém adquirida: dormia em garagens de ônibus e vagava com a turma de amigos pela cidade. Um dia, em uma de suas andanças, foi parar na orla da Lagoa da Pampulha. Ao passar pelo número 7.100, onde na época funcionava a Toca da Raposa (hoje conhecida como Toca 1), tomou uma decisão que mudaria a sua vida.

Como a maioria das crianças, Buiú era fã incondicional do Ronaldinho, então atleta do Cruzeiro. Seu maior sonho era conhecer o jogador. E ele estava disposto a tudo para tornar seu desejo realidade. Aí começou a ficar no portão da Toca, diariamente, pentelhando os seguranças. Pediu e insistiu tanto, que conseguiu. O encontro com seu grande ídolo não foi registrado em fotografia, mas ficou marcado nele para sempre. Depois do triunfo, ele ficou importante aos olhos dos outros garotos de rua. Pela primeira vez se sentiu alguém.
Desde então, passou a frequentar a porta do Cruzeiro. Como um funcionário a serviço da empresa, ele cumpre, religiosamente, sua carga horária diária, do lado de fora do clube. São horas à espera de um minuto de atenção de algum dirigente ou jogador de futebol. Enquanto isso, ele auxilia os porteiros, organizando as filas de visitantes, ajudando os motoristas a estacionarem seus veículos e até avisando aos jornalistas o momento certo de entrarem. Se tornou conhecido e é recompensado por todos. Na hora do almoço, ganha um prato de comida. Vira e mexe recebe um trocado e, às vezes, até presente: “Esse tênis foi o Maluf que me deu!“, conta orgulhoso. “Por que?”, pergunto. “Porque eu faço presença, tenho carinho e amor pelo Cruzeiro”.
Depois de 9 anos “a trabalho pelo Cruzeiro“, coleciona nomes na lembrança como se fossem títulos de futebol: “Levir Culpi, Carlos Alberto Silva, Bentinho, Diney, Nonato, Célio Lúcio, Vanderlei Luxemburgo...” são alguns dos que já lhe deram cestas básicas e roupas.
Em 2003, foi homenageado pelo lateral Maurinho, que comemorou um gol escondendo o braço direito dentro da camisa. Este ano, recebeu ajuda financeira de outros 2 jogadores para alugar um barracão para morar.
Após o “expediente“, nas horas vagas, Buiú ainda ataca de centro avante no time dos deficientes do bairro Cachoeirinha. “Costumo fazer gols!”, diz satisfeito e sorridente.
E é assim que quase sempre o vemos: sorrindo e querendo ajudar. Claro que às vezes ele extrapola um pouquinho.. (como no dia em que estendeu as roupas lavadas na calçada da Toca, como se fosse o varal de casa...). Mas a gafe é perdoável , já que ali é, realmente, a casa dele. E quando, por ventura, não o encontramos lá, sentimos a falta dele!