5 de mai. de 2009

Apostando corrida no gramado!



Intervalo de jogo é sagrado! 15 minutos necessários para uma pausa nas emoções... tempo dedicado à uma "resenha esportiva" com os amigos (de preferência no bar, mordiscando algum petisco para ter "estômago" para o segundo tempo).
Depois da partida é a mesma estória: hora de bater papo! Pra se lamentar ou comemorar o desempenho do time.
Mas isso acontece pra quem vai ao estádio para torcer. Para os jornalistas (e todos aqueles que estão trabalhando), é diferente. O intervalo e o fim do jogo são quase tão importantes quanto os gols da partida. São os momentos que temos para ouvir as palavras dos autores dos gols, dos envolvidos em confusões, do juíz,... E tudo isso no pouco tempo que se passa entre o apito do juíz e a saída dos jogadores de campo, rumo ao vestiário.
A solução? Correr, é claro! E muito! Como numa competição, cada segundo ultrapassado faz diferença. Por isso, antes mesmo do término dos 45 minutos, os repórteres já se posicionam estrategicamente, nos arredores do gramado.
Concentrados, como corredores que aguardam o estrondo do tiro anunciar a largada da prova, ficamos ali, no limite das 4 linhas, à espera do som do apito.
E quando ele vem, sai de baixo! Literalmente! É um tal de cabos e fios trançando pra todo lado, um tromba tromba de repórteres e câmeras e a triunfal batalha de microfones.
O momento é adrenalizante e ilário! É engraçadíssimo observar o desespero dos repórteres que estão ao vivo. Eles vão correndo e falando, sem tempo de respirar. Quando alcançam seus obstáculos, chegam bufando, ofegantes e mal conseguem perguntar. Enquanto o entrevistado responde, é um alívio. Dá pra descansar. Mas logo depois é preciso acelerar de novo, em direção ao outro atleta. Haja fôlego!
Jornalistas baixinhos e velozes (como eu) têm a vantagem de chegar na frente. Mas, por outro lado, ficam sujeitos a incidentes de percurso, como as gotículas de suor dos jogadores grandões, que, no empurra empurra, vão parar no olho ou até na boca da gente! (Eu mesma já tive a infelicidade de sentir o salgado sabor do suor do zagueirão Welton Felipe....)
Um colega de profissão me contou que uma vez inventou de apostar corrida no gramado... Olhou para o repórter ao lado e disse: "Vamos ver quem chega primeiro no Marques?". Resultado: um tombo daqueles!!! Com direito a gargalhada de milhares de pessoas nas arquibancadas. O mico ainda foi ressaltado ao vivo, pelo locutor da rádio que, do alto das cabines, avistou seu repórter espatifado no chão.
O mesmo aconteceu com uma jornalista (sem noção) que foi cobrir um jogo do Atlético pisando elegantemente sobre os 10 centímetros de uma sandália plataforma. Aposto que ela nunca mais abandonou os tênis...
Mas a queda, às vezes, perde a graça. Foi assim com Emerson Romano, da rádio Itatiaia. Em 2000, ele participava da transmissão da partida entre Cruzeiro e Flamengo, ao vivo do Maracanã. Desorientado e apressado (como todo radialista), ele se aventurou a pular um dos fossos do estádio. Acabou caindo em outro. Mesmo com o ligamento cruzado anterior rompido, ele continuou em campo, mancando, e prestando informações aos ouvintes. Até que não aguentou mais a dor e seguiu para o hospital. A cicatriz na perna esquerda, com um palmo de extenção, ele exibe orgulhoso. Teve mais raça que muito jogador de futebol!

O FILHO DO CRUZEIRO


Um título é como um filho. Um sonho conquistado após muita dedicação, preparação e, acima de tudo: coragem.
O meia Gerson Magrão driblou diversas dificuldades e encarou importantes desafios durante este campeonato mineiro. Sem medo, se adaptou à uma mudança de posição em campo, assim como um homem se transforma para receber um filho.
Ele também foi o jogador que mais vezes esteve em campo pelo Cruzeiro no torneio. Atuou em 16 das 17 partidas disputadas. Fez o que pôde, com a certeza de que seria recompensado no final.
Antes mesmo do jogo começar, Magrão tinha um brilho diferente no olhar, acompanhado por um sincero sorriso no rosto. Com o filho recém nascido nos braços, ele caminhou orgulhoso pelo gramado. Refez, lentamente, boa parte da tragetória percorrida durante a competição estadual. Se emocionou. E, orgulhoso, exibiu para todos aqueles que torceram por ele, o seu maior troféu.
Gerson Magrão, um dos papais do campeonato mineiro de 2009.